Problemas de visão podem levar à perda de emprego, dificuldades sociais, dor e custos com quedas e acidentes. E apesar dos exames oftalmológicos de rotina ajudarem a detectar os primeiros sinais de perda de visão e a evitarem a progressão de algumas doenças oculares, são poucos os adultos que efetivamente fazem suas consultas anuais.
Uma pesquisa americana, feita por telefone com 1.004 adultos, revelou que apenas uma minoria de pessoas com riscos evidentes para apresentar problemas oftalmológicos e que precisaria fazer exames oftalmológicos anuais para detectar, retardar, prevenir ou até mesmo reverter um problema de visão, realmente os fazem. Os pesquisadores descobriram também que 86% das pessoas que já tinham uma doença ocular diagnosticada não faziam exames de rotina.
A pesquisa foi encomendada pela Lighthouse International, organização sem fins lucrativos de Nova York, que trabalha com a prevenção da perda de visão e com o tratamento de pessoas afetadas por problemas visuais. Segundo os dirigentes da ONG, diante dos dados apontados pela pesquisa e do crescente envelhecimento da população, as doenças oculares “que roubam a visão”, como a degeneração macular relacionada à idade e a retinopatia diabética só tendem a crescer nos Estados Unidos, acarretando em consequências sociais graves.
Os benefícios de um check-up oftalmológico
“Baixa visão e cegueira são problemas muito mais delicados do que podemos imaginar, à primeira vista. Além das consequências profissionais e sociais da perda da visão, há custos médicos importantes. E não menos importantes são as lesões devido às quedas. A baixa visão é responsável por cerca de 18% das fraturas de quadris”,afirma o oftalmologista Virgílio Centurion (CRM-SP 13.454), diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
Então, por que as pessoas não conseguem fazer exames oftalmológicos regulares? De um lado, estão os que dependem dos serviços de saúde públicos e encontram muitas dificuldades para agendar e efetivamente realizar os exames. Mas mesmo entre aqueles que têm planos de saúde e/ou que podem pagar pelos exames, encontramos muitos relutantes em fazer os exames oftalmológicos regulares.
“O medo e a depressão são impedimentos comuns para as pessoas em risco de perda de visão. Esses pacientes temem se tornar totalmente cegos e incapazes de trabalhar, ler ou dirigir um carro”, observa a oftalmologista Roberta Velletri (CRM-SP 113.044), que também integra o corpo clínico do IMO.
Segundo a médica, muitas pessoas não conseguem perceber que a detecção precoce pode resultar numa terapia de preservação da visão. “Geralmente, os pacientes que mais temem os check-ups oftalmológicos anuais são os que mais precisam dele, tais como pessoas com diabetes, com pressão arterial alta, com colesterol elevado ou doença cardiovascular diagnosticada, bem como fumantes ou os que apresentam um histórico familiar de doença ocular, como degeneração macular, retinopatia diabética ou o glaucoma”, alerta Roberta Velletri.
Os olhos são realmente uma janela para o corpo. Um exame oftalmológico adequado pode, muitas vezes, alertar o oftalmologista para a presença de uma doença grave subjacente, como diabetes, esclerose múltipla ou mesmo um tumor cerebral
Razões para não esperar
Check-ups oftalmológicos anuais são a melhor medida a ser adotada a partir dos 20 anos de idade, e, mesmo tardiamente, aos 40 anos. “Não é admissível esperar até que você tenha sintomas oculares para ir ao oftalmologista. Por exemplo, o glaucoma em seus estágios iniciais é tido como o ‘ladrão silencioso da visão’, ou seja, ele pode levar 10 anos para causar um problema perceptível de visão, o que não quer dizer que essas alterações de visão sejam reversíveis”, alerta a oftalmologista.
Pessoas que enxergam bem, normalmente, procuram um oftalmologista quando a visão começa a falhar, o que ocorre em geral por volta dos 40 anos de idade. Queixas como sensação de vista cansada, coceira nos olhos, dificuldade para focalizar imagens próximas e lacrimejamento são as mais comuns às pessoas que procuram o atendimento oftalmológico nessa fase da vida. “Além da presbiopia (ou vista cansada), outros problemas são mais frequentes a partir dos 40 anos são a catarata, a retinopatia diabética e o glaucoma”, diz Velletri.
Se a baixa visão compromete a autonomia do indivíduo, consequentemente prejudica sua qualidade de vida. “O idoso que enxerga mal tem dificuldades nas tarefas diárias, como cozinhar, ler, assistir televisão, ir ao cinema, pegar um ônibus e, os que ainda trabalham, poderão ter diminuição dos seus rendimentos. Também aumentam os riscos de queda, atropelamento, uso trocado de medicação ou dosagem errada. Muitas vezes, a baixa visão acarreta em isolamento e depressão, afastando o indivíduo do convívio social”, alerta Virgílio Centurion.
Fonte: www.imo.com.br
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